OS PEQUENOS ANJOS DO LAR E A FORMAÇÃO DOS HOMENS E MULHERES DO AMANHÃ: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA CRIANÇA SOB ÓTICA DO JORNAL CRUZEIRO CAXIAS-MA (1941-1958)
Jakson dos Santos Ribeiro
Doutorando em História Social da Amazônia – UFPA. Mestre em História Social –UFMA. Especialista em História do Maranhão-IESF. Graduado em Licenciatura Plena em História-UEMA. Professor Assistente I- Universidade Estadual do Maranhão-CESC-UEMA (Brasil).
RESUMO: O presente artigo aborda representações construídas acerca da criança, sob a ótica discursiva do Jornal Cruzeiro, na cidade de Caxias-MA, dado o recorte temporal de 1941 a 1958. Visto que o jornal intitulava-se como “boa imprensa cristã”, este apresentava para a cidade a própria funcionalidade social que, as crianças teriam no bojo das relações políticas e econômicas do futuro do país, e principalmente para o futuro da sociedade caxiense. Os discursos do jornal representavam as crianças como um “patrimônio humano” para o progresso nacional. Nesta perspectiva, o jornal pregava valores morais que giravam em torno dos sujeitos, como forma de normatizar os corpos no sentido de formar na cidade de Caxias-MA da época, modelos que preservassem os valores cristãos, políticos e ideológicos para o desenvolvimento do país.
PALAVRAS-CHAVES: Criança. Jornal Cruzeiro. Modelo. Caxias-MA.
ABSTRACT: This article deals with the representations of children on the discursive view of the Cruzeiro Journal, in the city of Caxias between the time frame 1941 to 1958. Seeing the newspaper was auto entitled such as “Christian Good Press", this had a very social functionality in Caxias, when the children have to be in your own, the political and economic future of the country, and especially for the future of that community. This Newspaper shows children as a "human assets" for the country's progress. In this perspective, preached moral values that revolved around the subject as an influency way of their behavior, in order to implant in the city of Caxias models that preserve Christian, ideological and political values development of the country.
KEYWORDS: Children. Journal Cruzeiro. Model. Caxias-MA.
A estética da fonte sagrada: como o jornal é?
O Cruzeiro foi um periódico que circulou em Caxias no século XX. A sua data de fundação segundo Coutinho, o “início do jornal na cidade de Caxias foi 1931”1. Porém na constituição do corpus da pesquisa encontramos no próprio jornal apresentado o ano de fundação em 1933.
O jornal pertencia ao grupo de religiosos católicos de Caxias na época. Os seus primeiros diretores foram os paroquianos Vicente Celestino2 e Leôncio Magno3, como também os clérigos Joaquim de Jesus Dourado e Padre Gilberto Barbosa.4 O jornal emerge no cenário caxiense como uma imprensa que teria grande influência na sociedade, pois o principal jornal da cidade, o Jornal do Commercio, que era dirigido pela família Teixeira, havia trinta anos deixara de circular na cidade.5
Mas nos primeiros anos que circula na cidade de Caxias, o jornal Cruzeiro, não é o único periódico que traz informações sobre o cotidiano da cidade, do Estado do Maranhão, Brasil, e do Mundo. Nesse contexto também, como o jornal Voz do Povo, O Singular, O Sabiá, e O Trabalho.
Quando inicia sua circulação em Caxias, o jornal é editado apenas aos sábados, assim como os outros jornais que citamos anteriormente. Eram quatro páginas um formato de páginas que irá ficar até 1940, a partir daí percebemos que quantidade de páginas aumenta, oscilando entre, cinco, seis, sete e até a oito páginas.
Nos anos 40 o jornal começa apresentar na sua primeira página dados informativos no que diz respeito às assinaturas, além de mencionar o diretor do jornal. Na ocasião, o diretor do informativo religioso, Cruzeiro era o Professor Leoncio Magno. Assim, podemos perceber que o jornal se organizava da seguinte ao que diz respeito da sua estrutura do jornal:
Assinaturas |
|
PERIODO |
VALOR |
Ano |
Cr. $ 20.00 |
Semestre |
Cr, $ 12.00 |
Trimestre |
Cr. $ 8.00 |
Os valores também variavam nesse contexto, por exemplo, por coluna na primeira página custava Cr. $ 1.50, já nas páginas seguintes o custo por uma coluna era apenas de Cr. $ 1.00. Todos os interessados que desejasse fazer qualquer anuncio no periódico religioso deveriam falar com o diretor do Cruzeiro, na ocasião o Professor Leoncio Magno. As publicações no Cruzeiro deveriam seguir normas que estabelecidas pela direção do mesmo, pois caso contrário não realizava a publicação nas páginas informativas do Cruzeiro. Assim, o diretor do jornal apontava: “Em vista da escassez de espaço com que lutamos nosso jornal pequeno e, além disso, semanal, pedimos aos nossos colaboradores e encarecido obséquio de serem mais breves no desenvolvimento do assunto das suas ideias ou comentário. Agradecemos à Redação.”
No que diz respeito aos valores percebemos que ocorrem mudanças, desde sua fundação até os dias que compete ao recorte temporal da nossa pesquisa, por exemplo, até 1949, o jornal vai apresentar acima do seu slogan, as formas como as pessoas poderiam noticiar assuntos ou propagandas que fossem importantes para sociedade caxiense. Na ocasião até o ano acima citado, o valor anual da assinatura do jornal era de Cr $ 30,00, se fosse semestral custava Cr $ 20,00. E caso a pessoa não pudesse ter assinatura do mesmo essa poderia comprá-lo a preço de $ 0,50.
Já década de 1950, mais especificadamente no ano de 1950 esses valores se modificam, o jornal menciona que a assinatura por um ano era de $25.00, por semestre 15.00. Em relação a quem deseja fazer algum tipo de anuncio, o jornal padroniza da seguinte maneira: anúncios por coluna custava $ 3.00, anúncios na página quatro custava $ 2.50 e n as páginas dois e três custava $ 2.00.
Até da data da pesquisa, a Redação e Oficina do jornal estavam funcionando na Rua Benedito Leite número 23, porém em outros momentos, o espaço de funcionamento era em outros lugares. Por exemplo, quando foi instalado primeiramente ele funcionou na Rua Aarão Reis, nos seus primeiros anos de funcionamento logo esse período, a redação e a oficina são transferidos para Rua Conselheiro Sínval.
Percebe-se que o jornal é defensor dos princípios doutrinários de Jackson de Figueiredo6, um líder de expressiva representatividade, pois lutava pelo princípio da igualdade, e da fé católica.7
Outro elemento que sobressai na imagem é lema do jornal “Deus, Pátria e Família”, questões bem presentes no jornal desde seu nascedouro, como informativo até o fim da sua circulação. O jornal mesmo com as mudanças não deixava de defender, segundo podemos perceber seria o tripé para consolidação de uma cidade, de uma nação em rumo à paz.
Nos anos corresponde à década de 1940, o jornal, principalmente ao que diz respeito a sua aparência do jornal, o mesmo passa mudanças. Uma delas é saída do lema “Deus, Pátria e Família>”.
Nota-se que o jornal apresenta-se de forma mais simples, como informações básicas, como o ano, a cidade e o estado em que circula como o valor que custava cada exemplar. Mas, quando chega ao final dos anos de 1940, o jornal muda mais uma vez o layout da forma como ele apresenta para sociedade caxiense.
A sua nova aparência, no caso o layout da capa, os dados informativos ainda continuam, porém acima do título do jornal, o mesmo volta a reafirmar qual era a sua orientação, no caso apontando, o jornal tem orientação Católico, buscando afirmar que a sua abordagem no espaço social em Caxias era da chamada “boa imprensa”, e que seu compromisso com a verdade e com os bons costumes da moral cristã. Quando o jornal começa a circular nos anos 1950, aparência do jornal ganha modificações. Ao que se refere ao cabeçalho.
Na imagem acima, notamos que o jornal, está enfatizando os aspectos naturais da cidade, pois sendo Caxias, a cidade das palmeiras, como também a cidade que tem em sua volta o verde das matas, o jornal evidencia essa característica da cidade. Outro elemento que sobressaí ao que diz respeito à imagem acima é a própria representação da Igreja, se observar entre e letra “r”, ou melhor, por trás da letra “r” a imagem que se posiciona é de um templo, o que constitui o próprio papel da Igreja, em demarcar o seu espaço, como a própria ideia da união entre os filhos para o bem comum da Nação.
A criança e a fonte sagrada
O estudo da criança vem sendo ao longo dos últimos anos um objeto de reflexão para o campo historiográfico. Desde a própria construção do conceito histórico nas formas como a criança é representada nos mais diversos contextos, já pode encontrar estudos que tratam a criança como um sujeito histórico.
Neste compasso, podemos mencionar os estudos de Philippe Ariés, que nos apresenta as formas de entendimento sobre as primeiras considerações do conceito de infância e criança. No Brasil, entre os trabalhos que fazem referência à temática, podemos citar o livro organizado por Mary Del Priore, onde se faz presente trabalhos que abordam a criança em vários momentos desde o período colonial aos dias atuais. Estudos como este só demonstram o valor da criança enquanto objeto de estudo.
Neste ínterim, nota-se intensa a importância que as crianças tiveram na sociedade brasileira de um modo geral. Podemos nos reportar a essa questão quando Getúlio Vargas fala sobre a ideia de ser criança, como se estas formassem uma massa moldável ao que se achar conveniente. A mesma concepção no campo das práticas familiares com a ideia de cuidado que os pais têm pra com seus filhos, influenciando em sua formação. Elas não deixam de ser um molde que fora estruturado conforme os princípios de terceiros, no caso os pais.
Por exemplo, quando o Getúlio Vargas diz, “É preciso plasmar na cera virgem, que é a alma da criança, a alma da própria Pátria”, demonstra na fala o quanto as preocupações em torno da criança começaram a fazer parte do Estado e seus administradores. Nesta frase dita pelo então presidente, podemos dimensionar a própria representação que pensada acerca da criança. Neste sentido Roger Chartier nos diz que:
As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza. (...) As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas escolhas e condutas.8
Por isso que ao lançarmos o nosso olhar para as representações da criança do jornal Cruzeiro, veremos que os enunciados discursivos supõem idealizações e representações que enunciam, em termos de poder e dominação, uma máxima defendida não apenas pelo jornal, mas também pelo Estado. Por esta perspectiva, as representações da criança nos cuidados que são apresentados nas páginas do periódico religioso tornam-se mecanismos pelos quais um grupo impõe ou tenta impor a sua concepção de mundo social.
Sob esta ótica podemos considerar o que os discursos normatizadores tanto do jornal quanto do Estado brasileiro desde o período varguista até as décadas posteriores terão em relação à criança e a própria assistência dada a ela, uma perspectiva de ajuntamento de ambas as partes, pois nota-se que existe uma idealização social ao se voltarem para o cidadão sob a ótica de um ideal. Nessa construção ideal o país tinha que ser formado por sujeitos fortes, ativos e que fossem imbuídos de caminhar rumo ao progresso.
Sendo esta proposta a de consumar um ideal, a Igreja Católica adentrou pelos mesmos caminhos do Estado, objetivando as crianças como, sujeitos de grande validade social diante do progresso do país. Seguindo essa conceituação, a criança passa a ser no discurso religioso, também uma de suas preocupações, já que o Estado tinha atitudes paternalistas e a Igreja em nossas considerações funcionava como uma mãe acolhedora e “cuidadadora” desses pequenos infantes.
O Cruzeiro, imbuído de ser as mãos da igreja católica caxiense, estende em demasia seus discursos para formar crianças conforme os ideais que constituíam para conceitua-las. Sua preocupação se colocava na perspectiva de constituir, nas percepções sociais, sua funcionalidade, a qual estas poderiam e deveriam desempenhar no amanhã conforme o espaço social em que estivessem inseridas.
Os discursos do Cruzeiro, seguindo as premissas de Certeau9, não seriam apenas textos que flutuariam em meio ao seu contexto, trazia na sua intenção uma prerrogativa maior, a de normatizar uma sociedade conforme os preceitos da Igreja Católica no momento, no caso, a sociedade caxiense na segunda metade do século XX.
Com um caráter apologético e moralizante, o periódico religioso busca chamar a atenção dos citadinos caxienses no recorte em que lançamos nosso olhar. Principalmente quando a questão é religiosa e patriótica, visto que para o jornal, esses são dois elementos que deveriam conviver juntos tanto para o desenvolvimento do país, como também da própria cidade de Caxias.
O discurso do Cruzeiro comungava com as ideias circulantes pelo país de Getúlio Vargas, que mantinha uma idealização de sujeitos sociais para a sociedade brasileira e que seria levado por um longo período. Nos anos quarenta, influenciados pelos discursos do Estado Novo, a criança tinha um papel bastante relevante para a sociedade, que se preocupava com medidas que as desse a responsabilidade de formar um amanhã mais seguro para toda a nação.
A conservação da espécie natural dos seres, especialmente a humana, impõe-se como expressão viva de valor incontestável na sucessão das gerações. E, deste modo, ressalta, na evolução dos tempos, a renovação da vida humana pelo amparo carinhoso da criança. A geração atual tem sobre si a responsabilidade de assegurar a existência da Pátria, formando reservas fortes e sadias que perpetuem a nacionalidade brasileira, formando sucessores capazes de conservar o seu legado. 10
Na ótica do discurso, o jornal se coloca como um defensor da criança, subjetivando-a como o mais importante elemento proporcionador do processo de construção de uma nação do amanhã. O discurso se operacionaliza como forma de manter vivo na mentalidade citadina caxiense as devidas preocupações com os infantes. Para Fairclogh (1998), que busca compreender a prática discursiva, existe na prática discursiva do Cruzeiro um controle que acontece na medida em que o discurso se preocupa em normatizar crianças, e que estas, por sua vez, possam garantir os anseios do Estado como também incentivar os pais a cuidar dos pequenos com mais atenção e carinho.
Segundo Cardoso (2010), durante a ditadura varguista (1937-1945) existia uma assistência à infância como forma de resolver os problemas que muitas crianças passavam, salientando que com a falta de cuidados precisos para com elas a garantia do sonho poderia ser perdida. Como ainda afirma Cardoso (2010), as crianças eram vistas como o futuro do país.
O modelo de assistência proposto pelo Departamento Nacional da Criança (DNC) consistia, sobretudo, na criação de postos de puericultura, em que as mães deveriam receber instruções medicas a partir da gravidez, e no acompanhamento infantil à fase escolar. Quando nessa fase, meninos e meninas deveriam ser encaminhados à Casa da Criança, que era escola sob orientação médica.11
Nesta perspectiva, o jornal o Cruzeiro mantém uma preocupação com a formação das crianças caxienses. O discurso do semanário era afirmativo ao tratar da colocação de uma subjetividade funcional em torno da criança no que diz respeito à atribuição de valores quantitativos em prol de uma nação que pudesse viver dias melhores a partir destas influências, pois consideravam que as crianças eram “o futuro do amanhã” e dessa forma mereciam receber cuidados minuciosos.
A criança passa ser subjetivada pelo o Cruzeiro como um sujeito útil socialmente, por isso, desde quando bebê a criança já deveria ser acalantada com toda assistência que merecesse. Os pais deveriam proporcionar aos pequenos, claras visões de suas funções na sociedade, pois como bem considera o periódico católico, a pátria deveria receber bons elementos para a que a família e a sociedade tenham bons cidadãos, cidadãos que por sua vez possam trabalhar em prol do engrandecimento do país “[...] da Nação pelo aumento de suas riquezas econômicas, elevando assim o seu prestígio entre os outros povos do mundo.” 12 Assim, seguindo esta prerrogativa, o jornal ratifica mais ainda o dever dos pais, professores e do Estado em relação aos cuidados com a criança.
Ver quais as suas predisposições naturais, qual o sentido que tem seus gestos, suas palavras, sua conduta. E, em seguida, após esse trabalho de análise relativo ao que a criança é de fato, nosso esforço poderá dirigir-se no sentido de plasma-la de acordo com os nossos moldes a fim de que passe a ser o que desejamos que ela seja.
A tarefa dos pais e dos mestres não é pequena. Nem é fácil. Não será com a fércula na mão que conseguiremos dar rumos á criança. Não será com ralhos nem castigos que lhe comunicaremos as virtudes desejáveis. Não será com vexamos e contrastes que desviaremos desde para aquele caminho.13
O discurso do jornal se envolve de prerrogativas que apontam ser o único caminho para deslanchar um país do seu estado de falências econômicas e culturais. Nesta ótica, o Estado implanta no Brasil, postos de saúde que possam dar assistência às mães e principalmente às crianças. Além dessas questões o jornal também apresentava em suas páginas outras orientações diversas, como por exemplo, na edição do jornal de abril de 1949, é apontado como deve ser a relação das crianças com as frutas, ou seja, para o periódico a ingestão de alimentos nutritivos era uma forma de conservar e cuidar do corpo, que a alimentação constituída apenas pelo leite materno não traria os benefícios necessários para o seu bom desempenho e crescimento.
Neste caso, nota-se uma preocupação deste periódico em não apenas informar o valor nutritivo das frutas, mas também o processo de feitura destas frutas até sua ingestão seja após o nascimento da criança ou até quando esta deixa de mamar. “Pouca gente ignora a utilidade, quando não a necessidade, de dar frutas ás crianças pequenas, desde os dois ou pequenas, desde os dois três meses de idade, mormente se são alimentadas com mamadeira.”14
A citação acima ratifica o quanto o jornal se demonstrava preocupado com a saúde infantil, diante da alimentação que as mães estavam oferecendo aos seus filhos ainda na fase maternal. Porém, é valido ressaltar que a condição econômica de muitas pessoas da cidade não proporcionava às mães o oferecimento destes cuidados alimentares.
Em outro momento o jornal apresenta as propriedades nutritivas que cada fruta possui seguindo de seus efeitos para saúde das crianças, para que elas pudessem crescer fortalecidas, além de proteger o organismo contra as possíveis doenças. Deste modo o periódico apontava:
A administração do suco de frutas nessa idade, visa, sobretudo, fornecer ao organismo a vitamina “C”. Por isso, devem ter preferência das frutas ricas dessa vitamina, como a lima, a laranja, a maçã, o tomate, etc. e como a vitamina “C” não se acumula no organismo, e a necessidade diária, dela, é relativamente pequena, não adianta dar de uma vez grandes doses de suco de frutas, o que pode provocar desarranjos intestinais; mas deve-se ministrar pequenas doses, diariamente.15
Nas considerações do periódico seguir estas orientações seria manter o bom desenvolvimento das crianças justamente por comungar da máxima de que quando bem cuidadas tornar-se-iam homens e mulheres saudáveis para desempenharem as suas funções nas mais diversas no mundo do trabalho.
Pensando nesta questão, o jornal afirma que para ter um efeito positivo na saúde das crianças é necessário também ter cuidados com as frutas que serão selecionadas para uso dos sucos. Neste contexto o periódico afirma:
Mas, para a perfeita tolerância e o bem aproveitamento das frutas, é indispensável que estejam bem maduras. Quando estão bem amadurecidas é melhor suprimi-las da refeição da criança pequena, e fornecê-las em forma de compota as crianças maiores.16
Percebe-se que o jornal não apresentava apenas os efeitos das frutas na alimentação das crianças, mas também direcionava a forma de consumo para que elas pudessem diversificar seu uso nos hábitos alimentares de outras faixas etárias, como aponta a citação acima. Seguindo ainda a linha de pensamento apontada pela citação, percebemos que não existe apenas uma preocupação em relação à questão alimentar das crianças, mas também fica evidente que estas ocupações com a criança condicionavam a mulher ao espaço da casa.17
Um pensamento corrente entre os médicos [...] reza que a mulher tira seu maior prazer da maternidade. Afirma que quando a mulher se torna mãe ela encontra satisfação no cumprimento de seus deveres e que é no seio de sua família que obtém seus mais doces prazeres. O filho passa a ser tratado como a maternidade e o amor são tempo todo contrapostos à sexualidade. 18
Maria Freire ao pensar a realidade em São Paulo aponta em seus estudos que as mães eram vistas como nutricionistas do lar, pois assim apoiariam os médicos para cuidarem das crianças e do seu crescimento saudável. Nesta esteira de afirmações, a autora corrobora apontando:
Ao transformar a alimentação infantil em atividade técnica de nutrição, inserida na dimensão valorizada da saúde, a parceria entre mulheres e médicos alçava as mães á função de nutricionistas da família. Embora exercida no espaço privado do lar, tal atividade alcançaria caráter de função social, uma vez que implicava da futura geração, responsável pelo progresso da nação brasileira. Implicava ainda a educação das mulheres com fins de substituir antigos costumes por novas práticas cientificas.19
Por isso, no discurso médico presente no jornal Cruzeiro, passa por se estabelecer uma extensão dos discursos dos médicos, tendo em vista um melhor embasamento nas recomendações que eram dadas às mães nos cuidados com seus filhos. Seguiremos, pois, estas considerações da existência de uma dupla estratégia nos cuidados com a criança e os hábitos alimentares.
Sempre e em toda parte, as crianças precisam receber alguma preparação para o estágio adulto. Necessitam aprender a lidar com determinadas emoções, como raiva ou medo, de forma socialmente aceitável. Sempre e em toda parte, em vista do longo período de fragilidade na infância da espécie humana, crianças pequenas requerem que se lhes providenciem alimentação e cuidados físicos. As doenças infantis, sua prevenção, assim como os possíveis acidentes são preocupações dos pais desde os tempos mais remotos até os dias de hoje. Algum tipo de socialização para os papéis de gênero é parte inevitável do processo de lidar com a infância, mesmo nos mais igualitários cenários contemporâneos.20
A difusão da puericultura tornou-se uma orientação para a boa forma de lidar com estas questões, sejam as mães de qualquer classe social pobre, média, ou mesmo alta. A proteção da infância e saudades dos pequenos deveria ater-se conforme o jornal Cruzeiro, um ponto de preocupação de todos.
O pensamento católico reserva também à mulher a missão divina de ser mãe. A ela caberia a criação e educação dos filhos, a quem deveria dedicar a vida. A boa formação moral e o apego aos valores cristãos seriam o resultado a ser alcançado e também a prova de que mãe cristã teria obtido sucesso na sua atividade formadora. A ela caberia os méritos e toda a culpa pelo sucesso ou fracasso do filho, pois da mesma forma a sociedade enaltecia as mães que sabiam conduzir os filhos aos bons comportamentos e boa formação de caráter condenava aquelas que fracassavam em sua missão[...]21
Em Caxias, postos de puericultura22 foram implantados para que as crianças fossem assistidas diante de uma orientação condizente, sempre de acordo com o que era padronizado pelos discursos do jornal e Estado.
No âmbito educacional o jornal é categórico em relação à formação dos pequenos, enfatizando que a escola deveria participar da educação dos filhos caxienses, e que tal instituição deveria ser um ambiente que oferecesse às crianças os preceitos morais e cívicos. Neste sentido, como bem nos coloca Sena (2009), o discurso do Cruzeiro valorizava esta moral quando consideravam que os pequenos infantes deveriam ser educados para não se tornarem agentes causadores do desequilíbrio social no amanhã.
Na formação do caráter social da criança, a educação teria um papel fundamental, sendo que a mesma deveria começar no lar, e teria na escola um importante ponto de apoio; uma espécie de extensão do lar.
No que tange á importância da educação na formação do caráter da criança, bem como as suas consequências na construção do futuro trabalhador-cidadão nacional, dois modelos antagônicos de educação se destacam no discurso do jornal. 23
A ideia de ser criança vai sendo repassada como forma de legitimar, nas teias discursivas do jornal o Cruzeiro, a formação de pais com uma mentalidade respeitosa sobre crianças, e do ideal de ser criança no recorte temporal mencionado, assim como sua funcionalidade social.
Essas gerações que serão as esperanças do futuro da Nação, são as nossas crianças de hoje e de amanhã, que merecem todo nosso carinho, não só na sua formação física, mas sobretudo, na sua modelação espiritual, moral e cívica.
Precisamos dar-lhes o preparo convencional assistindo-as com o melhor dos nossos cuidados, zelando pela sua saúde física e mental, fortalecedo-lhes o corpo e iluminando-lhes a alma, para que possam desempenhar com energia e retidão as elevações sobre os deveres sociais, políticos e religiosos, lhes em impozerem, em bem da grandeza nacional.24
No que tange a estas prerrogativas é importante salientar a subjetivação em torno da criança, vigorada pelo fato que esta era vista como sujeito frágil, capaz de abstrair os bons e maus exemplos, por isso o jornal religioso considera a necessidade de serem sujeitas sempre os bons exemplos, pois desta forma o país poderia ser acalentado com boas ações em vários aspectos da sociedade e constituindo neste futuro planejado sujeitos constituídos de boa índole.
Na esteira de tais considerações sobre os infantes é valido ressaltar que o jornal não apenas considerava como foco de preocupação as crianças em seus respectivos lares, mas salientava que, de um modo geral, deveriam ser assistidos por órgãos de competências governamentais para que o futuro do país fosse garantido.
Já se vai desfazendo o conceito de que ao Estado cabe por inteiro a responsabilidade de assistir á criança pobre, desvalida, órfã ou abandonada. Se ao Estado cumpre realizar quilo que eminente jurista patrício chamou de <<política da criança>>, onde cabe á sociedade o dever de atenuar e até mesmo eliminar a desigualdade das suas condições sociais, e de socorre-la no seu abandono e pobreza. A ambos, de conseguinte, corre a obrigação legal de fornecer lhe os necessários recursos.
De resto não é apenas a criança pobre ou enferma que reclama cuidados; tôdas as crianças demandam atenção, até mesmo que cantam e sorriem nos seus lares abastados, em contraste entristecedor com as que na enxerga gemem de frio. 25
O jornal acordava com a ideia de que, com sua ingenuidade, a criança era um ser social que deveria ter um grau de respeitabilidade, para que não fosse gerada como um ser socialmente sujeito resultando em uma possível má índole, já que a intenção era que garantissem a formação de indivíduos sadios e bem estruturados para governar o país.
Neste sentido de proteção, as instituições, dentre elas a familiar sob a égide da figura da mãe, tinham como missão salvaguardar os pequenos infantes de seguirem maus caminhos ou mesmo de serem influenciadas por pensamentos que constituíssem em seu psicológico, tendências a se tornarem pessoas ruins para o círculo social, como bem coloca Freire (2009).
A proteção à infância constituiu-se em eixo privilegiado em torno do qual se desenvolveu a filantropia feminina desde o final do século XIX. Tal prioridade encerrava dupla orientação. De um lado, atendia aos pressupostos que guiavam as relações de gênero, uma vez que tal ocupação era considerada extensão da função maternal inerente à natureza das mulheres. De outro lado, mostrava-se em sintonia com o ideário nacionalista que depositava nas crianças a esperança de progresso e construção da nação brasileira. 26
Sob esta ótica de formação de uma nação futura é que o discurso do semanário católico caxiense se volta para a criança, apontando-as como pequenos anjos de hoje e as dirigentes do país amanhã, devendo esta criança ser instruída para dirigir a nação e conduzir o já iniciado desenvolvimento do país nas linhas do progresso político e econômico na época. Sob essa máxima o Cruzeiro coloca que a educação é via de condução para que o país possa alcançar tal objetivo.
Da educação, portanto a penas dela, depende o preparo para a vida prática dos homens de amanhã, crianças de hoje. A par do conhecimento geral de cousas que a escola, em suas varias entrâncias, desde às primeiras letras até os cursos especializados, ministra àquele que freqüentam, seus bancos, é preciso não nos descuremos de que o bacharel, medico, o engenheiro, o agrônomo, o militar, o jornalista, o artista ou o funcionário publico do provir, terá necessidade imperiosa de dirigir sua economia domestica, sua banca, seu consultório, seu soldo ou seus vencimentos.27
O jornal parte da premissa de que uma boa formação educacional seria a melhor forma de a sociedade estruturar os sujeitos de forma a melhor prepará-los para o amanhã. O discurso do periódico manifesta em suas páginas a intenção de formar uma sociedade preparada para conduzir o país. Sendo assim, aponta que a instalação de cooperativas em grupos escolares seria um mecanismo facilitador para desenvolver no uma geração preparada.
A criança seria o elemento principal deste processo de civilização e modernização do país. Para um novo país que nascia nada mais pertinente do que cuidar da infância brasileira. No entanto, ela ressalva que, embora fossem percebidas como um importante ator social, as crianças não eram consideradas prontas para exercer tal função, por isso o governo e a elite deveriam proteger e formar adequadamente esta parcela da população.28
A criança seria a ponte que ligaria o país com o progresso. Nesta perspectiva, os pais deveriam ter em mente que a instrução deveria ser uma das preocupações mais importantes. Para isso o jornal aconselhava que todas as crianças fossem para escola, pois era está uma forma de preservar o “futuro do amanhã” de qualquer mal que poderia lhes acontecer, e também para que a construção de um país de progresso fosse uma realidade.
Alguém vai leva-lo à escola. Quando o estabelecimento fica próximo, ou quando a criança vai com outras da vizinhança, a mãe condu-la até a porta, fazendo muitas recomendações: atravesse a rua com cuidado, por que os veículos andam sempre desembestados. Só dê conversa a criança da sua idade. Não se esqueça de que na escola, sua família são os professores; trate-os com atenção, com respeito, com simpatia. Muitos acreditam que recomendações entram por um ouvido saem pelo outro.29
A preocupação com o futuro do país tornava-se páginas do Cruzeiro um dos temas mais ressaltados pelo jornal, que por sua vez envolvia a figura da criança de muitas em subjetivações. Este tratamento poderia ser visto desde a emergência do Estado Novo e com a continuação do período ditatorial, com o objetivo da formação de uma mentalidade nacional, acerca da ideia de sujeitos, de se ter agentes sociais normatizados e dotados de um porte físico e mental para que a nação não viesse sofrer com pessoas más instruídas e sem discernimento na hora de tomar atitudes relevantes para estruturação de um país que caminhasse em rumo ao progresso.
Mediante a isso o Cruzeiro vai colocar que, no caso das crianças:
Assim deve ser admitir se que << a regulação da atividade mental, a orientação do pensamento e a diretriz da conduta são funções afetivas; que os processos afetivos intervêm constantemente no conjunto da vida mental; que tôdas as manifestações ativas, autônimas ou não, correspondem a uma tendência, que exprimem a influência estimulante de um processo complexo se solidariedade, de um sentimento, com as diferenças nos comportamentos individuais, decorrentes da natureza dos sentimentos preponderantes e do grau de tais preponderâncias>>. 30
Neste espaço de propagação, o cenário caxiense, o jornal se volta para análise do psicológico infantil mostrando que o seu grau de inocência31 pode ser um aspecto preponderante em sua destinação aos maus caminhos da vida, que, por sua vez, trariam sérios riscos à nação. O Cruzeiro enfatiza que a necessidade de uma ação conjunta no tratamento dos infantes para que o inocente não vivesse a se tornar um indivíduo inconsequente para a sociedade caxiense. Sobre isso, em uma das edições o jornal aponta:
A criança não é apenas uma miniatura do adulto. Não é simplesmente a cópia do pai e da mãe. Não é mero retrato dos ancestrais. Sendo ou podendo que isso tudo isso, é mais do que isso tudo: tem formas de ser e de sentir que lhe são próprias e que a individualizam e lhe dão personalidade. Conhecemo-la e ao mesmo tempo a desconhecemos. Mi ter se torna, pois encara lá por um prisma diverso daquele através do qual habitualmente a encaramos. Mais desconhecida do que conhecida, toca nos o dever de observa-la na sua intimidade, perscruta-lhe a trama afetiva sondar-lhe o mundo psicológico, descultar-lhe o conteúdo espiritual. Numa palavra: o primeiro dever que nos toda face da criança filho ou aluno – a primeira imposição que se nos oferece – pais ou mestres – consiste em verificar-lhe a espontaneidade.32
Nesta ótica, Foucault (2009), pensando a questão do disciplinamento, ajuda compreender que a disciplina é uma forma de controle que garante uma identidade constituída para os fins de quem produz o discurso. No caso do semanário seria uma maneira de possuir na sociedade caxiense, meninos e meninas disciplinadas que pudesse se compatibilizar aos preceitos de sujeitos sociais estabelecidos conforme o discurso dos governos, principalmente nos anos em que figura na cena política brasileira os sopros de cunho varguista.
Neste caso, os discursos são moldados para que não sejam infiltrados por outras interpretações, pois isto poderia inviabilizar o próprio jogo de interesses pelos quais os seus produtores lançam sobre o jogo linguístico. A ideia é fazer com que tais discursos estejam enquadrados em espaços isolados quanto a significados múltiplos, ou seja, protegê-lo de infiltração pelas entoações próprias ao autor. Isso simplifica e consolidam as características linguísticas individuais como os próprios interesses dos produtores desses discursos.33
Dessa forma, o discurso do Cruzeiro vai apontar que:
As grandes reservas nacionais não são os troncos envelhecidos da população. São os renovos, cheios de seiva e vitalidade, que crescem e se desenvolvem envolvidos pelos melhores climas. Tudo para as crianças e as sobras para os adultos. Em favor delas o nosso esfôrço, a nossa inteligência e a nossa capacidade de ação, não para a distribuição de favores que venham compensar-lhes o sofrimento; mas por uma vigilância constante que corresponda á natureza das suas atividades. 34
O Cruzeiro encara as crianças como os únicos sujeitos promovedores do bem para o amanhã, pois podem ser normatizados de modo a satisfazer os desejos dos governantes na promoção de um país com ganchos para alcançar o progresso. Por esse ângulo o jornal Cruzeiro, ainda afirmava:
Essas gerações que serão as esperanças do futuro da Nação, são as nossas crianças de hoje e de amanhã, que merecem todo nosso carinho, não só na sua formação física, mas sobretudo, na sua modelação espiritual, moral e cívica.35
No discurso do jornal a criança torna-se signo social de intenções projetadas no futuro do país. Porém, não é uma máxima que se constitui apenas nesse período em que estamos tratando visto que desde 1930 o governo brasileiro apresentava ações pensadas e desenvolvidas sobre o olhar de Getúlio Vargas neste sentido. Na ocasião a perspectiva da administração do Estado era definir a chamada nova ordem, e para isso foi necessária a redefinição de questões no âmbito econômico e social.
Nesse ínterim, uma prática disciplinadora se fez presente em torno de homens e mulheres como também em relação às crianças, onde notamos que nas páginas do jornal Cruzeiro os discursos pensavam-nas como pessoas que dariam ao país a continuidade dessa ação modernizadora e desenvolvimentista. Sob esta ótica o jornal Cruzeiro apontava:
A conservação da espécie natural dos seres especialmente a humana, impõe-se como expressão viva de valor incontestável na sucessão das gerações. E, desde modo, ressalta, a evolução dos tempos, a renovação da vida humana pelo amparo carinhoso da criança. A geração atual tem sobre si a responsabilidade de assegurar a existência da Pátria, formando reservas fortes sadias que perpetue a nacionalidade brasileira formando sucessores capazes de conservar o legado.36
Neste sentido, Foucault nos aponta que o corpo é objeto de investimentos que são colocados de forma imperiosa, como se desejasse, exigisse, tomasse como um dever no qual deveria ser obediente, submisso, um objeto moldado conforme preceitos e ideologias. Na perspectiva foucaultiana o corpo é pensado como um objeto preso,
[...] no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas vezes, nesse caso, é a utilização de novas nessas técnicas, por exemplo, os discursos de um jornal, do Estado, da Igreja, que por sua vez, utilizam mecanismos ordenadores, que viabilizam a normalização dos sujeitos, conforme os ideais que julgam como ideais aceitáveis no bojo social.37
Deste modo, podemos observar que as crianças, ou melhor, o corpo das crianças é pensado como uma massa moldável que deve ter e ser conforme o que a sociedade e suas ideologias pensam como ideal, como correto, como efetivo e como devendo ser o ideal para o real. Assim, os corpos dos sujeitos são pensados em funcionamento de forma coercitiva, de modo que as instituições e os grupos que estão na estrutura do poder possam exercer sobre estes o controle de mantê-los enquadrados e ordenar ao “mesmo nível da mecânica” os “movimentos, gestos, atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo”.38
O periódico catalisa seus discursos como uma forma de introduzir na mentalidade caxiense uma visão funcional do projeto que representaria a criança na sociedade.
[...] a infância em cada lugar é construídas por forças sociais, interesses econômicos, determinantes tecnológicos e fenômenos culturais, indicam também a importância complementar da abordagem microscópica, esta capaz de identificar a particularidade de cada caso. (FREITAS apud GIVIGI, 2006, p. 76) 39
Deste modo, existem, em cada contexto, modos de ver a criança40 que perpassam pelo campo representativo que a sociedade adota como forma de oferecer uma significação aos sujeitos, pautando-se nas vantagens que se pode ter na configuração de um discurso que tem como propósito formar dentro da sociedade uma organização social dita correta e equilibrada ao caráter normatizador que se almejava para sociedade.
Referências
- ARIÉS, Philippe. História Social da criança e da família. 2 ed. Trad. Michel Winock, Rio de Janeiro, 1981.
- CARDOSO, Elizangela Barbosa. Identidade de gênero, amor e casamento em Teresina (1920-1960). Doutorado (Tese) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências e Filosofia, Departamento de História, Rio de Janeiro, 2010.
- CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. Mulheres plurais. – Teresina: Edições Bagaço. 2005.
- CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
- CHARTIER, Roger. A história Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
- FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhate. 36 ed. Petrópolis, 2009.
- FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad. de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 2009.
- FREIRE, Maria Martha de Luna. Mulheres, mães e médicos: discurso maternalista no Brasil. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
- GIVIGI, Rosana Carla do Nascimento. Infância em movimento: a diferença no olhar. In MATOS, Kelma Socorro Lopes de; et al (Org.). Jovens e crianças: outras imagens. – Fortaleza: Edições UFC, 2006.
- NUNES, Silva Alexim. O corpo do diabo entre a cruz e a caldeirinha: Um sobre a mulher, o masoquismo e feminilidade. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
- STEARNS, Peter N. A infância. (Coleção História Mundial). São Paulo: Contexto, 2006.
- SENA, Laércio Rocha de. A Ressignificação do trabalho e a construção do trabalhador disciplinar no discurso do Semanário Católico Caxiense Cruzeiro (1930 a 1940). (Monografia) Caxias, CESC, 2009.
Fontes
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, 2 de outubro de 1948 Ano XV, nº. 637.
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão Sábado, 24 de janeiro de 1943, nº. 442, p. 01
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, Quinta-feira, 7 de abril de 1949, nº. 464, p. 05
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, Sábado, 20 de novembro de 1943 nº. 454. Ano XI, p. 05
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, Sábado, 10 de abril de 1948, nº. 623. Ano XV, p. 04
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, Domingo, 30 de junho de 1957 nº. 931. p. 02
CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, Sábado, 02 de junho de 1948 nº. 637. p. 01